Naquela manhã, fui passear pela praia como costume, ouvir o
mar, sentir a areia, deixar que o sol entrasse em minha pele e aquecesse as
minhas inseguranças.
Aos fins de semana, era o meu aconchego. Aquela manhã
parecia diferente, sentia-me Eu, já com menos dependências, caminhava devagar.
Apesar de tudo ainda custava levantar os pés, pisar a areia como se estivesse a
descobrir um caminho, que caminho?
Vim viver para junto da praia para me descobrir, descobrir o
que fui e o que sou, e quando dei por mim estava a encaixar os meus pés numas
pegadas de alguém, parecia mais fácil caminhar, o caminho estava traçado, era
só seguir, encaixar, fazia menos esforço, a areia já estava pisada, e
continuava a seguir as pegadas de alguém...de repente parei – “Mas, não foi isto
que eu fiz a vida toda? Seguir as pegadas de alguém?”
Porque não posso eu caminhar, pisar a areia e criar as
minhas próprias pegadas?
Posso ou não criar o meu próprio caminho? O que me impede?
Inseguranças? Medos?
Posso ou não arriscar e riscar aquilo que quero ser? Traçar
em traços inseguros ainda, talvez, mas a firmeza do hoje é fundamenta pela
insegurança do ontem e pela certeza que o amanhã está nas minhas mãos, ou
melhor dizendo, nos meus pés... Ensinaram-me a “ESTAR” descobri o “SER”.
Com pinceladas frágeis, caminhei para dentro de mim.
Não defino a cor
Sinto a cor.
Não quero copiar uma “expressão de vida”, porque
Quero “SER” VIDA.
“Pensamos em demasia e sentimos bem pouco.
Mais do que máquinas, precisamos de humanidade,
mais do que inteligência, de afeição e doçura.
Sem essa virtude, a vida será de violência e tudo será
perdido” (Charles Chaplin).
Maria de Fátima Ribeiro
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